A VER NAVIOS

A meados da passada semana ficámos todos chocados com o caso ocorrido aqui em Aveiro, de um pai que se esqueceu do seu filho de nove meses dentro do carro, provocando a sua morte.

Como pai que sou, calculo como se sentirá destroçado este homem. Que castigo tão grande por um esquecimento.

Foi ouvido, constituído arguido e espero sinceramente que, a comprovarem-se algumas das atenuantes que são apontadas, o juíz que o venha a julgar, tenha a sensibilidade suficiente para levar em conta o tão grande castigo, que este homem já sofreu.

Digo isto para que fique clara a minha posição porque, em todo este caso venho notando uma especial abordagem do caso por grande parte da comunicação social, que tem levado a opinião pública considere que tudo não passou de acumulações de "stress" e se considere injusto que o homem tenha sido constituído arguido.

Considero, perdoem-me que se trata de mais um caso de hipocrisia barata e leviana.

Pergunto eu: se em vez de se tratar de um programador informático, estivessemos perante o caso de uma mulher (ou homem, vale o mesmo) que por não ter para dar de comer à sua criança tivesse saído para ganhar uns míseros € 5,00, lavando escadas, ou aspirando soalhos, já estaríamos perante um caso de irresponsabilidade e ausência de sentimentos?

Será verdade ou não que estaria esta mulher a ser arrasada pelos orgãos de informação e, seguramente a entrarem em acção os "competentes" técnicos da segurança social, para ponderarem a necessidade de serem retiradas as restantes crianças a esta mãe.

Como se as pessoas, por via da sua capacidade económica, ou estatuto social, pudessem ser classificadas de sangue frio ou quente ou, ainda pior, com ou sem coração.

Sei que é polémico este meu post, sei que estou a mexer num assunto tão sensível e triste que não pode ser apreciado de forma leve mas, creiam-me tudo isso para mim fica menor quando vejo hipocrisias provocadores de agravamentos de injustiças sociais, tendentes a esconder tristes realidades.

Com todo o respeito, um abraço solidário para este pai, que não conheço, mas que bem compreendo a sua dor.

FORÇA!!