Fale-se hoje muito em crise.
Não a nego. Sinto-a nos bolsos.
Mas não me queiram convencer que esta é a maior de todas e que as pessoas nunca sentiram tantas dificuldades.
É mentira!
Só poderá dizer isto quem cá anda há pouco tempo, ou tem a memória curta.
Esta crise é grande, vai piorar, mas é muito diferente das anteriores.
E isto porque: no passado as pessoas apesar de se cingirem a gastos elementares nas suas vidas, não conseguiam mesmo assim, ter dinheiro suficiente para as suas necessidades básicas.
Verifica-se hoje que, na generalidade, as pessoas gastaram mais do que podiam em necessidades supérfulas e evitáveis.
É verdade que para aí foram muitas vezes empurradas por publicidades enganosas e facilitistas, deparando-se depois com a impossibilidade de solverem os seus compromissos.
Todos nós sabemos de férias e viagens pagas a prestações, televisões maiores que a sala, máquinas de filmar que trabalham um dia, etc., ficando as pessoas com elevados compromissos durante meses e meses. Isto era algo impensável há poucos anos atrás.
Por ingenuidade nalguns casos, e por inconsciência mal disfarçada noutros, a verdade é que grande percentagem da nossa população se encontra sob ameaça, ou já despojada de parte dos seus bens, a favor dos mesmos de sempre, que afinal não são mais que aqueles que de mansinho, os convenceram que poderiam gastar o dinheiro e que daí não resultariam quaisquer problemas.
Do género, vá agora e pague depois... pois é...
Tenho sentimentos dúbios nestas questões, não sei se devo lamentar, ou bater com um punho fechado na palma da outra mão.
Nos tempos mais próximos não irá para melhor, mas as pessoas poderão fazer muito para que a crise não lhes bata à porta com muita força.