Já aqui tenho transmitido a minha opinião acerca das comemorações de feriados nacionais portugueses.
Nos meus mais de cinquenta anos, já assisti a muitas manifestações do dia 10 de Junho.
Até ao 25 de Abril de 1974, na minha meninice e juventude, assisti em Tomar às condecorações dos heróis das guerras coloniais. Tomar era sede de região militar e assim realizavam-se lá comemorações idênticas àquelas que nos habituamos a ver no Terreiro do Paço, em Lisboa.
Ainda hoje recordo com sentida revolta as condecorações de jovens viuvas, de crianças orfãs, de velhos desfeitos, aceitando uma medalha, que em verdade (acredito) nada lhes dizia.
Chegados à democracia, habituei-me a ver as condecorações de senhores professores doutores que estudam o conhecimento, que desenvolveram trabalhos importantes no capítulo da ciência (honra lhes seja feita), industriais, agricultores e comerciantes, que pouco mais fizeram do que pagar as campanhas políticas daqueles que agora os condecoram, algumas figuras e instituições locais, ao sabor da cidade onde decorrem os eventos.
Ainda estou à espera de assistir ao reconhecimento de alguns que vejo como verdadeiros heróis anónimos, porventura mais merecedores destas condecorações. Refiro-me a professores primários, a pais de família, a bombeiros, a pescadores, mineiros e tantos outros que só graças a muita coragem, conseguem desenvolver o seu trabalho em prol deste País e das suas gentes.
Continuo a ter esperança.
E eu até sou daqueles que ainda choram ao ouvir tocado e cantado o hino nacional
Já agora, apesar de tudo: que viva Portugal.