Soube há pouco que faleceu hoje o grande Raul Solnado. Não posso dizer que foi uma surpresa, infelizmente não foi, o seu aspecto abatido, fazia prever o pior.
Tive a sorte de viver o seu apogeu, dando assim para poder fazer comparações a concluir que depois dele, não tivemos melhor.
Conseguiu fazer humor sem nunca utilizar um palavrão. Disse algumas coisas lindas, no tempo em que havia sensura prévia e só a inteligência conseguia dar a volta aos textos e aos homens do lápis azul.
Lembro-me uma vez, no dia a seguir a ele fazer de palhaço num concurso 1, 2, 3 do Carlos Cruz, estar eu a almoçar no restaurante Páteo da Rainha (creio), nas Caldas da Rainha. Restaurante cheio, de repente entrou o Sr. Raul Solnado, as pessoas olharam-no, pararam de comer e um a um foram- se levantando com um forte bater de palmas espontâneo, tal tinha sido a beleza da sua actuação na noite anterior, na televisão.
Ele surpreso, não conseguiu esconder o quanto ficou comovido com tão singular homenagem.
São essas imagens que agora quero recordar.
Gostaria de ter falado com ele e lhe ter transmitido o quanto o admirava e o quanto ele tinha contribuido para dar felicidade ao meu crescimento. A minha timidez não me o permitiu.
Faço-o agora, mesma sabendo que é um pouco tarde.
É a vida...